sábado, 31 de dezembro de 2011

Do fundador da Wikipédia, Jimmy Wales


O Google pode ter perto de um milhão de servidores. O Yahoo tem algo como 13.000 funcionários. Nós temos 679 servidores e 95 funcionários.

A Wikipédia é o 5º site na web e atende a 470 milhões de pessoas diferentes a cada mês - com bilhões de visualizações de páginas.
O comércio é bom. A publicidade não é má. Mas ela não faz parte deste projeto. Não da Wikipédia.
A Wikipédia é algo especial. É como uma biblioteca ou um parque público. É como um templo para a mente. É um lugar aonde todos podemos ir para pensar, aprender e compartilhar seu conhecimento com as outras pessoas.
Quando fundei a Wikipédia, poderia tê-la transformado numa empresa com fins lucrativos com anúncios publicitários, mas eu decidi fazer algo diferente. Trabalhamos duro através dos anos para mantê-la objetiva e funcional. Completamos essa missão e deixamos o desperdício para os outros.
Se todo mundo que ler isso doasse R$10, nós teríamos que levantar fundos apenas um dia por ano. Mas nem todo mundo pode ou irá doar. E está tudo bem. Todo ano um número suficiente de pessoas decide doar.
Este ano, por favor considere fazer uma doação de R$10, R$20, R$50 ou qualquer outro valor que você possa para proteger e sustentar a Wikipédia.
Obrigado,
Jimmy Wales
Fundador da Wikipédia

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Ciberespaço e a virtualidade (Fábio Oliveira Nunes)

Atualmente, Ciberespaço e Internet se tornaram sinônimos, o motivo é muito simples: é especialmente na rede que grande parte das características do Ciberespaço se manifestam. 

Se tornam quase uma coisa só ou a mesma coisa. 

É na Internet que torna-se mais visíveis os fluxos informacionais que acontecem pelo mundo, destituídos de fronteiras e independentes de posições geográficas. 

Embora a Internet seja sua maior representante até agora, o Ciberespaço independe da rede para existir: uma prova disso é que muito antes do advento comercial da rede, já em 1984, o livro Neouromancer de Willian Gibson, trazia consigo o termo "ciberespaço" (ou cyberspace).

Assim, a trama informacional construída pelo entrelaçamento de meios de telecomunicação e informática, tanto digitais como analógicos, em escala global ou regional, como telefones convencionais, telefones celulares, rádio, televisão; infraestrutura de cabos de cobre, fibras óticas, ondas de rádio ou satélite, organizados em redes locais, globais, tendo seus terminais de comunicação ou suas informações gerenciadas por computadores, forma o Ciberespaço (Duarte, s/d).

 Sobre o Ciberespaço, define Gilbertto Prado: 

"Este poderia ser o lugar, a zona intermediária, o no man's land onde a tecnologia encontra a rua. 

Um tipo de estrada consensual experimentada por milhões de operadores conectados - vizinhos virtuais - , cada dia, nesse espaço que eles mesmos criaram, para uma visão simultânea do mundo, inscritos no tempo real da emissão e recepção" (Prado, 1997:43 (2))

 O Ciberespaço, constituído de fluxos de informações que relacionam os mais diversos meios de comunicação, mostra-se ao usuário sob a ótica do virtual que - ao contrário do que se acredita - não se opõe ao real e sim demostra aquilo que é potencial.

"A palavra virtual vem do latim medieval virtuale, significando o que existe como faculdade, porém sem exercício ou efeito atual.

 Provém daí seu segundo significado como algo suscetível de se realizar; potencial. Na filosofia escolástica é virtual o que existe em potência, não em ato, resultando numa terceira referência à virtual como o que está predeterminado e contém as condições essenciais à sua realização" (Rey, 1998:29). 

Este conceito torna-se muito mais claro ao relacionar com a obra de arte: um exemplo de virtualidade é apresentado nas pinturas do renascimento italiano que através do estudo das leis de projeção da ótica, realizam o processo de transposição de espaços reais (tridimensionais) para um espaço virtual (bidimensional). 

O virtual aqui é a profundidade de campo que é somente sugerida com a intenção de "causar a ilusão" de espaço em três dimensões. 

Sem dúvida, existe a idéia de Mimesis (representação da realidade), que governou a criação de imagens por mais de quatro séculos de arte e que motivou a criação de novos meios de representação, como a fotografia, o cinema e, por último, a televisão.

"A virtualização não é, em nenhum momento, um desaparecimento ou uma ilusão. Ela é, afirma Lévy (nota), uma dessubstancialização que se inclina na desterritorialização, num efeito Moebius, na passagem sucessiva do privado ao público, do interior ao exterior e vice-versa.

A subjetivação (dispositivos técnicos, semióticos e sociais no funcionamento somático e fisiológico do indivíduo) e a objetivação (influência dos atos subjetivos na construção do mundo) são dois movimentos complementares desse processo virtualizante. 

Para Lévy, a virtualização não é um fenômeno recente, pois toda a espécie humana se construiu por virtualizações (gramaticais, dialéticas e retóricas). O real, o possível, o atual e o virtual são complementares e possuem uma dignidade ontológica equivalente" (Lemos, s/d) .

 Enquanto a virtualidade adentra questões da representação da imagem para o indivíduo que acessa informações, o Ciberespaço aborda os meios de relacionamento entre indivíduos que acontecem por meio de interfaces intrinsecamente virtuais.

Embora a virtualidade seja um conceito independente da existência de meios tecnológicos de difusão de informações, o Ciberespaço necessita da virtualização para viabilizar o provimento de dados. 

Ou seja, ao colocar disponível na Internet - e consequentemente dentro do Ciberespaço - uma pintura qualquer, é necessário tornar a imagem virtual, uma representação digital ilusória daquilo que seria um objeto da realidade, mas ainda sim mantém potencialidades suficientes para a imagem ser entendida como originária de uma pintura. Tornar-se virtual não é privilégio das imagens: "A Informação é uma virtualização.

 Se um acontecimento é retratado pelos media, essa circulação corresponde a uma virtualização do acontecimento, sob a forma da informação. 

Neste sentido, uma informação não é destruída pelo seu consumo justamente por ser sempre "virtualizante". 

A utilização/recepção da informação é a sua atualização, já que somos nós que damos sentidos a ela. Nós a atualizamos". (Lemos, s/d) 

Os lugares virtuais do Ciberespaço, também conhecidos como ciberlugares, são constituídos com independência de posições geográficas e com afinidades de interesses comuns entre os indivíduos.

 "Os ciberlugares têm um exemplo marcante na formação de comunidades virtuais, pessoas que se conectam, formam grupos de discussão, trocam informações, enfim, aproximam-se por afinidades que não são ligadas a suas localizações geográficas" (Duarte, s/d). 

Um exemplo comum na Internet, para entendimento dos ciberlugares, é o uso do IRC ( Internet Relax Chat) nas salas de bate-papo que são utilizadas simultaneamente por muitos internautas.

 Nos servidores de IRC são disponibilizadas inúmeras salas de bate-papo de interesses diversos - esportes, política, religião - abertas a todos, unindo usuários com os mesmo interesses.

Com uma freqüência de acesso pelos mesmos usuários em determinados dias e horários, e estabelecendo vínculos de relacionamento constante entre o ciberlugar e o grupo de indivíduos, teremos a constituição de uma comunidade virtual. 

O ciberlugar é o ponto de encontro entre esses indivíduos e onde acontece o fluxo permanente de informações, podendo ser além de uma sala de bate-papo, uma lista de discussão - via correio eletrônico - ou um ambiente multi-usuário de realidade virtual 3D. 

Algumas considerações típicas dos territórios - reais - dependentes de proximidades geográficas, como por exemplo, fronteiras e controle do estado como agente normalizador, perdem força no Ciberespaço. 

O espaço virtual é um só e pouco importa se o indivíduo que se encontra na França ou na Austrália ao acessar uma informação que está nos Estados Unidos, o procedimento será sempre o mesmo. 

Com o Ciberespaço existe uma superação dos padrões geopolíticos, e dois casos exemplificam o uso da trama informacional contra a vontade de governantes: 

No México, em 1994, os zapatistas rebelados contra o governo do PRI (Partido Revolucionário Institucional, um nome contraditório, diga-se de passagem), isolados na região do Chiapas, conseguem mobilizar os meios de comunicação e a opinião pública internacional para a sua causa divulgando informações na Internet, através de sítios localizados em outros países. 

Na tentativa de golpe de estado na União Soviética, em 1991, uma das medidas foi o corte das linhas telefônicas e o fechamento de jornais. 

Porém, as estáveis ligações via Internet com a Finlândia, possibilitou que as informações sobre a situação política no país socialista viesse a público numa dimensão global, auxiliando a tomada de medidas contra o golpe. 

É ainda por meio do Ciberespaço, que poderemos conhecer um novo tipo de ataque: Países de pouco poder bélico podem se tornar fortes inimigos de grandes potências se a trama de meios de comunicação for utilizada para desmantelar serviços essenciais como telefonia e distribuição de energia elétrica, por exemplo. 

Esse tipo de guerra - protagonizada por hackers oficiais - é perfeitamente possível nos dias de hoje e devido a inter-relação de redes de computadores pode causar prejuízos inestimáveis. 

Das relações do indivíduo com o Ciberespaço surge a cibercultura, que nas artes culmina com a utilização de meios eletrônicos por parte dos artistas, o que podemos chamar de Ciber-arte, cujo exemplos são muitos: a video-arte, arte-robótica, telepresence art, ASCIIart, Tecno-body-art, Web Arte entre outras experiências, como a música eletrônica, sendo hoje atualizada para a música "tecno".

A Ciber-arte, desde que surgiu em meados dos anos 70, sempre teve objetivos de conectar artistas de diferentes partes do globo e dar uma maior importância ao processo de criação do que ao produto final ( Lemos, s/d). 

O Ciberespaço a cada dia torna-se um elemento cada vez mais presente e necessário no cotidiano dos habitantes urbanos e toda a sua desmaterialização e virtualização presentes no fluxo de informações são refletidas pela arte eletrônica que procura a interatividade e hibridação cada vez maior de linguagens e conceitos. 

Este texto é parte integrante do Trabalho de Conclusão do Curso de Bacharelado em Artes Plásticas “Web Arte no Brasil: 

A arte telemática criada por artistas brasileiros para a Internet”, realizado sob a orientação do Prof. Dr. Milton Sogabe na UNESP – Universidade Estadual Paulista. Esta pesquisa em nível Iniciação Científica contou com o apoio da FAPESP. 

© Fábio Oliveira Nunes: entre em contato.

 FÁBIO OLIVEIRA NUNES